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31 de janeiro de 2011

Amor que não se cansa de amar




Amor, que é amor, dura a vida inteira. Se não durou é porque nunca foi amor. O amor resiste à distância, ao silêncio das separações e até às traições. Sem perdão não há amor. Diga-me quem você mais perdoou na vida, e eu então saberei dizer quem você mais amou. O amor é equação onde prevalece a multiplicação do perdão. Você o percebe no momento em que o outro fez tudo errado, e mesmo assim você olha nos olhos dele e diz: "Mesmo fazendo tudo errado, eu não sei viver sem você. Eu não posso ser nem a metade do que sou se você não estiver por perto". O amor nos possibilita enxergar lugares do nosso coração os quais sozinhos jamais poderíamos enxergar. O poeta soube traduzir bem quando disse: "Se eu não te amasse tanto assim, talvez perdesse os sonhos dentro de mim e vivesse na escuridão. Se eu não te amasse tanto assim talvez não visse flores por onde eu vi, dentro do meu coração!" Bonito isso. Enxergar sonhos que antes eu não saberia ver sozinho. Enxergar só porque o outro me emprestou os olhos, socorreu-me em minha cegueira. Eu possuía e não sabia.
O outro me apontou, me deu a chave, me entregou a senha. Coisas que Jesus fazia o tempo todo. Apontava jardins secretos em aparentes desertos.


(Padre Fábio de Melo)

O inacabado que há em mim

Eu me experimento inacabado. Da obra, o rascunho. Do gesto, o que não termina.
Sou como o rio em processo de vir a ser. A confluência de outras águas e o encontro com filhos de outras nascentes o tornam outro. O rio é a mistura de pequenos encontros. Eu sou feito de águas, muitas águas. Também recebo afluentes e com eles me transformo,
O que sai de mim cada vez que amo? O que em mim acontece quando me deparo com a dor que não é minha, mas que pela força do olhar que me fita vem morar em mim? Eu me transformo em outros? Eu vivo para saber. O que do outro recebo leva tempo para ser decifrado. O que sei é que a vida me afeta com seu poder de vivência. Empurra-me para reações inusitadas, tão cheias de sentidos ocultos. Cultivo em mim o acúmulo de muitos mundos.
Por vezes o cansaço me faz querer parar. Sensação de que já vivi mais do que meu coração suporta. Os encontros são muitos; as pessoas também. As chegadas e partidas se misturam e confundem o coração. É nesta hora em que me pego alimentando sonhos de cotidianos estreitos, previsíveis.
Mas quando me enxergo na perspectiva de selar o passaporte e cancelar as saídas, eis que me aproximo de uma tristeza infértil.
Melhor mesmo é continuar na esperança de confluências futuras. Viver para sorver os novos rios que virão.
Eu sou inacabado. Preciso continuar.
Se a mim for concedido o direito de pausas repositoras, então já anuncio que eu continuo na vida. A trama de minha criatividade depende deste contraste, deste inacabado que há em mim. Um dia sou multidão; no outro sou solidão. Não quero ser multidão todo dia. Num dia experimento o frescor da amizade; no outro a febre que me faz querer ser só. Eu sou assim. Sem culpas.



Padre Fabio de Melo

Só dê ouvidos a quem te ama

Só dê ouvidos a quem te ama. Outras opiniões, se não fundamentadas no amor, podem representar perigo. Tem gente que vive dando palpite na vida dos outros. O faz porque não é capaz de viver bem a sua própria vida. É especialista em receitas mágicas de felicidade, de realização, mas quando precisa fazer a receita dar certo na sua própria história, fracassa.

Tem gente que gosta de fazer a vida alheia a pauta principal de seus assuntos. Tem solução para todos os problemas da humanidade, menos para os seus. Dá conselhos, propõe soluções, articula, multiplica, subtrai, faz de tudo para que o outro faça o que ele quer.

Só dê ouvidos a quem te ama, repito. Cuidado com as acusações de quem não te conhece. Não coloque sua atenção em frases que te acusam injustamente. Há muitos que vão feridos pela vida porque não souberam esquecer os insultos maldosos. Prenderam a atenção nas palavras agressivas e acreditaram no conteúdo mentiroso delas.
Há muitos que carregam o fardo permanente da irrealização porque não se tornaram capazes de esquecer a palavra maldita, o insulto agressor. Por isso repito: só dê ouvidos a quem te ama. Não se ocupe demais com as opiniões de pessoas estranhas. Só a cumplicidade e conhecimento mútuo pode autorizar alguém a dizer alguma coisa a respeito do outro.

Ando pensando no poder das palavras. Há palavras que bendizem, outras que maldizem. Descubro cada vez mais que Jesus era especialista em palavras benditas. Quero ser também. Além de bendizer com a palavra, Ele também era capaz de fazer esquecer a palavra que amaldiçoou. Evangelizar consiste em fazer o outro esquecer o que nele não presta, e que a palavra maldita insiste em lembrar.

Quero viver para fazer esquecer... Queira também. Nem sempre eu consigo, mas eu não desisto. Não desista também. Há mais beleza em construir que destruir.

Repito: só dê ouvidos a quem te ama. Tudo mais é palavra perdida, sem alvo e sem motivo santo.

Só mais uma coisa. Não te preocupes tanto com o que acham de ti. Quem geralmente acha não achou nem sabe ver a beleza dos avessos que nem sempre tu revelas.

O que te salva não é o que os outros andam achando, mas é o que Deus sabe a teu respeito.


( Padre Fábio de Melo)

Texto do dia



A maior prisão que podemos ter na vida é aquela quando a gente descobre que estamos sendo não aquilo que somos, mas o que o outro gostaria que fôssemos.
Geralmente quando a gente começa a viver muito em torno do que o outro gostaria que a gente fosse, é que a gente tá muito mais preocupado com o que o outro acha sobre nós, do que necessariamente nós sabemos sobre nós mesmos.
O que me seduz em Jesus é quando eu descubro que nEle havia uma capacidade imensa de olhar dentro dos olhos e fazer que aquele que era olhado reconhecer-se plenamente e olhar-se com sinceridade.
Durante muito tempo eu fiquei preocupado com o que os outros achavam ao meu respeito. Mas hoje, o que os outros acham de mim muito pouco me importa [a não ser que sejam pessoas que me amam], porque a minha salvação não depende do que os outros acham de mim, mas do que Deus sabe ao meu respeito.


(Padre Fábio de Melo)

Tristeza





Por que essa tristeza? Ela nada acrescentará à sua vida.
Analise bem e veja que essa tristeza é uma forma de burilar o espírito, tornando-o mais suscetível às boas intuições, mais equilibrado.
Parece incoerência, mas é através do sofrimento que conseguimos atingir um patamar mais elevado na escala da vida espiritual.
Aceite com resignação, sem revolta, pois só assim a prova terá valido a pena.
A sua pátria não é essa em que vive. A verdadeira pátria está no plano espiritual, onde tudo é mais puro, sem os desequilíbrios da matéria.
Procure viver a sua vida dentro dos parâmetros do nosso Pai Eterno pois, só assim, conseguirá manter o equilíbrio.

Um abraço
Um bom amigo

Palavra de conforto

A felicidade vem de dentro.
Pense quantos motivos você tem para ser feliz hoje.
Viver já é um milagre.
O desespero, infelizmente, nos leva a pensamentos sombrios
e negativos. E quanto mais reclamar-mos mais problemas apareceram, e assim repelimos todos que tentam chegar perto.
As pessoas se afastam e passamos a viver em desarmonia com todos.
O segredo esta em pensar positivo. Por mais que a realidade seja dura, sua mente pode reverter o caso, com a força criada por nos próprio. Pensamento positivo traz alegria e entusiasmo. Veja nas pequenas coisas do dia-a-dia motivos para agradecer e se alegrar.
O futuro é daqui alguns instantes e as coisas mudam a todo momento.
Alegre-se em ser uma pessoa boa e confiante e novos horizontes surgiram quando menos esperar.



Simone Luzzi

25 de janeiro de 2011

Como curar a ressaca

O carnaval aproxima-se, então ai vão dicas simples e práticas para evitar aquela ressaca.

 

 

O que causa a ressaca?


Resposta simples e objetiva: o álcool. Quando você bebe, o seu organismo gasta uma grande quantidade de energia para filtrar o álcool do seu sangue. Portanto, energia = glicose. Ou seja, pra começar, seu corpo fica debilitado porque gastou muita glicose.
Além disso, o álcool inflama o seu intestino, o que pode causar dores de barriga e diarréia, além de inflamar também o seu estômago, o que causa o enjôo tão característico.
Sabia que a bebida alcoólica inibe a produção de vasopressina? Para quem não sabe, vasopressina é o nosso HAD (hormônio antidiurético). Imagine assim: quando o teu corpo está com pouca água, este hormônio é secretado para que seus rins retenham líquido. Portanto, com altas doses de álcool no sangue, a vasopressina não será liberada, fazendo com que você perca muita água através da urina (já que seus rins não poderão retê-la). Por isso que quando estamos bebendo, vamos ao banheiro várias vezes.
Quando teu corpo está descansado, o seu organismo faz um trabalho danado para filtrar todo o álcool do teu sangue. Como você está desidratado, as suas células ficam, literalmente, com sede. Portanto, a dor de cabeça proveniente da ressaca é justamente isso: seus neurônios pedem água!

 

Prevenindo e curando a ressaca


Agora que você já é um expert em ressaca, vamos agora aprender como prevení-la.
Coma antes de beber (principalmente gorduras)!
Sim, isso é muito importante. Quando você come, o seu organismo não trabalhará apenas com o álcool no estômago. Nem pense em ingerir bebida alcoólica de estômago vazio!
Aproveite e coma alimentos gordurosos. A gordura, literalmente, “forra” a parede do estômago e do intestino, dificultando a retenção do álcool por parte dos mesmos.

 

Super dica para o “durante a bebida”


Uma dica excelente para você que bebe bastante é: beba MUITA água durante a farra. Tipo… A cada dois copos de cerveja, beba um copo d’água. Isso previne a desidratação, seu organismo trabalha melhor e com menos intoxicação. A água é um santo remédio, acredite. Trocar a água por suco ou refrigerante também é uma ótima sacada: os dois (quando adoçados, claro) contêm glicose. Daí, matam a sede, e ainda injetam energia no seu organismo.

 

Fumar bebendo? Nem pensar!


Esta é simples: quando você fuma, seu organismo se enche de nicotina e de pouco oxigênio. Ou seja, as chances de você se intoxicar bem mais rápido são tremendas.

 

Colher de óleo antes… funciona?


Sim, companheiro. Não funciona de um jeito que você dirá: “caramba, como isso é demais”, mas também forra o teu estômago e dificulta a absorção do álcool.

 

E o tal do engov… Funciona ou não funciona?


A resposta é… Sim, funciona! Mas nem pense em tomá-lo antes, camarada. Um ou dois depois é que faz efeito, pois ele contém substâncias que contraem os seus vasos sangüíneos (diminuindo a ressaca e o mal estar), analgésico e hidróxido de alumínio, para aliviar a digestão.

 

Putz, não, deu… Tô aqui mal, nem tinha lido a parte da prevenção… O que faço agora?


Hahahahaha… Cara, pra começar, depois que ler estas dicas, desligue o seu computador, pois a ressaca causa fotosensibilidade, ou seja, a luz incomoda. Aposto como você nem está abrindo os olhos direito na frente da tela do PC.
Mas enfim, vamos ao que interessa. Beba muita, muita água. Seu organismo está pedindo água, portanto, beba o máximo de água que puder. Garrafinha do lado (de água, pelo amor de Deus, viu!), deite-se um pouco, apague as luzes do quarto, feche as janelas e descanse. A água ainda continua sendo o melhor remédio para curar ressaca.

 

Cafezinho? Só se for com bastante açúcar!


Um dos grandes mitos que existe por aí é que, para curar ressaca, o ideal é tomar uma xícara de café sem açúcar. Certo? ERRADO!
O café, apesar de estimulante, será excelente se for acompanhado de muito açúcar. Não sei se você se recorda, mas açúcar = glicose. Portanto, quanto mais glicose você ingerir, mais energia dá ao seu corpo para processar a bebida. MAS CUIDADO: uma alta ingestão de açúcares pode fazer mal à saúde. Se você é diabético, então, nem pensar!

 

Dica: 100% de chances de você não ter ressaca!


Esta você precisa aprender, e eu também. A forma 100% segura de você não ter ressaca no dia seguinte é… Não bebendo. Simples assim. Afaste-se da bebida, fique no refrigerante que você vai longe.



Fonte: Você sabia - O seu portal de curiosidades

24 de janeiro de 2011

Seja um idiota

A idiotice é vital para a felicidade.

Gente chata essa que quer ser séria, profunda e visceral sempre. Putz! A vida já é um caos, por que fazermos dela, ainda por cima, um tratado? Deixe a seriedade para as horas em que ela é inevitável: mortes, separações, dores e afins.

No dia-a-dia, pelo amor de Deus, seja idiota! Ria dos próprios defeitos. E de quem acha defeitos em você. Ignore o que o boçal do seu chefe disse. Pense assim: quem tem que carregar aquela cara feia, todos os dias, inseparavelmente, é ele. Pobre dele.

Milhares de casamentos acabaram-se não pela falta de amor, dinheiro, sexo, sincronia, mas pela ausência de idiotice. Trate seu amor como seu melhor amigo, e pronto.

Quem disse que é bom dividirmos a vida com alguém que tem conselho pra tudo,soluções sensatas, mas não consegue rir quando tropeça?

hahahahahahahahaha!...

Alguém que sabe resolver uma crise familiar, mas não tem a menor idéia de como preencher as horas livres de um fim de semana? Quanto tempo faz que você não vai ao cinema?

É bem comum gente que fica perdida quando se acabam os problemas. E daí,o que elas farão se já não têm por que se desesperar?

Desaprenderam a brincar. Eu não quero alguém assim comigo. Você quer? Espero que não.

Tudo que é mais difícil é mais gostoso, mas... a realidade já é dura; piora se for densa.

Dura, densa, e bem ruim.

Brincar é legal. Entendeu?

Esqueça o que te falaram sobre ser adulto, tudo aquilo de não brincar com comida, não falar besteira, não ser imaturo, não chorar, não andar descalço,não tomar chuva.

Pule corda!

Adultos podem (e devem) contar piadas, passear no parque, rir alto e lamber a tampa do iogurte.

Ser adulto não é perder os prazeres da vida - e esse é o único "não" realmente aceitável.

Teste a teoria. Uma semaninha, para começar.

Veja e sinta as coisas como se elas fossem o que realmente são:
passageiras. Acorde de manhã e decida entre duas coisas: ficar de mau humor e transmitir isso adiante ou sorrir...

Bom mesmo é ter problema na cabeça, sorriso na boca e paz no coração!

Aliás, entregue os problemas nas mãos de Deus e que tal um cafezinho gostoso agora?

A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso cante, chore,dance e viva intensamente antes que a cortina se feche!




Arnaldo Jabor

Amor é prosa, sexo é poesia

Sábado, fui andar na praia em busca de inspiração para meu artigo de jornal. Encontro duas amigas no calçadão do Leblon:
- Teu artigo sobre amor deu o maior auê... – me diz uma delas.
- Aquele das mulheres raspadinhas também... Aliás, que você tem contra as mulheres que barbeiam as partes? – questiona a outra.
- Nada... – respondo. – Acho lindo, mas não consigo deixar de ver ali nas partes dessas moças um bigodinho sexy... não consigo evitar... Penso no bigodinho do Hitler, do Sarney... Lembram um sarneyzinho vertical nas modelos nuas... Por isso, acho que vou escrever ainda sobre sexo...
Uma delas (solteira e lírica) me diz:
- Sexo e amor são a mesma coisa...
A outra (casada e prática) retruca:
- Não são a mesma coisa não...
Sim, não, sim, não, nasceu a doce polêmica ali à beira-mar. Continuei meu cooper e deixei as duas lindas discutindo e bebendo água-de-coco. E resolvi escrever sobre essa antiga dualidade: sexo e amor. Comecei perguntando a amigos e amigas. Ninguém sabe direito. As duas categorias trepam, tendendo ou para a hipocrisia ou para o cinismo; ninguém sabe onde a galinha e onde o ovo. Percebo que os mais “sutis” defendem o amor, como algo “superior”. Para os mais práticos, sexo é a única coisa concreta. Assim sendo, meto aqui minhas próprias colheres nesta sopa.
O amor tem jardim, cerca, projeto. O sexo invade tudo isso. Sexo é contra a lei. O amor depende de nosso desejo, é uma construção que criamos. Sexo não depende de nosso desejo; nosso desejo é que é tomado por ele. Ninguém se masturba por amor. Ninguém sofre de tesão. O sexo é um desejo de apaziguar o amor. O amor é uma espécie de gratidão posteriori pelos prazeres do sexo.
O amor vem depois, o sexo vem antes. No amor, perdemos a cabeça, deliberadamente. No sexo, a cabeça nos perde. O amor precisa do pensamento.
No sexo, o pensamento atrapalha; só as fantasias ajudam. O amor sonha com uma grande redenção. O sexo só pensa em proibições: não há fantasias permitidas. O amor é um desejo de atingir a plenitude. Sexo é o desejo de se satisfazer com a finitude. O amor vive da impossibilidade sempre deslizante para a frente. O sexo é um desejo de acabar com a impossibilidade. O amor pode atrapalhar o sexo. Já o contrrário não acontece. Existe amor sem sexo, claro, mas nunca gozam juntos. Amor é propriedade. sexo é posse. Amor é a casa; sexo é invasão de domicílio. Amor é o sonho por um romântico latifúndio; já o sexo é o MST. O amor é mais narcisista, mesmo quando fala em “doação”. Sexo é mais democrático, mesmo vivendo no egoísmo. Amor e sexo são como a palavra farmakon em grego: remédio e veneno. Amor pode ser veneno ou remédio. Sexo também – tudo dependendo das posições adotadas.
Amor é um texto. Sexo é um esporte. Amor não exige a presença do “outro”; o sexo, no mínimo, precisa de uma “mãozinha”. Certos amores nem precisam de parceiro; florescem até mas sozinhos, na solidão e na loucura. Sexo, não – é mais realista. Nesse sentido, amor é uma busca de ilusão. Sexo é uma bruta vontade de verdade. Amor muitas vezes e uma masturbação. Seco, não. O amor vem de dentro, o sexo vem de fora, o amor vem de nós e demora. O sexo vem dos outros e vai embora. Amor é bossa nova; sexo é carnaval.
Não somos vítimas do amor, só do sexo. “O sexo é uma selva de epiléticos” ou “O amor, se não for eterno, não era amor” (Nelson Rodrigues). O amor inventou a alma, a eternidade, a linguagem, a moral. O sexo inventou a moral também do lado de fora de sua jaula, onde ele ruge. O amor tem algo de ridículo, de patético, principalmente nas grandes paixões. O sexo é mais quieto, como um caubói – quando acaba a valentia, ele vem e come. Eles dizem: “Faça amor, não faça a guerra”. Sexo quer guerra. O ódio mata o amor, mas o ódio pode acender o sexo. Amor é egoísta; sexo é altruísta. O amor quer superar a morte. No sexo, a morte está ali, nas bocas... O amor fala muito. O sexo grita, geme, ruge, mas não se explica. O sexo sempre existiu – das cavernas do paraíso até as saunas relax for men. Por outro lado, o amor foi inventado pelos poetas provinciais do século XII e, depois, revitalizado pelo cinema americano da direita cristã. Amor é literatura. Sexo é cinema. Amor é prosa; sexo é poesia. Amor é mulher; sexo é homem – o casamento perfeito é do travesti consigo mesmo. O amor domado protege a produção. Sexo selvagem é uma ameaça ao bom funcionamento do mercado. Por isso, a única maneira de controla-lo é programa-lo, como faz a indústria das sacanagens. O mercado programa nossas fantasias.
Não há saunas relax para o amor. No entanto, em todo bordel, FINGE-SE UMAMORZINHO” PARA INICIAR. O amor está virando um “hors-d’oeuvre” para o sexo. O amor busca uma certa “grandeza”. O sexo sonha com as partes baixas. O PERIGO DO SEXO É QUE VOCÊ PODE SE APAIXONAR. O PERIGO DO AMOR É VIRAR AMIZADE. Com camisinha, há sexo seguro, MAS NÃO HÁ CAMISINHA PARA O AMOR. O amor sonha com a pureza. Sexo precisa do pecado. Amor é o sonho dos solteiros. Sexo, o sonho dos casados. Sexo precisa da novidade, da surpresa. “O grande amor só se sente no ciúme” (Proust). O grande sexo sente-se como uma tomada de poder. Amor é de direita. Sexo, de esquerda (ou não, dependendo do momento político. Atualmente, sexo é de direita. Nos anos 60, era o contrário. Sexo era revolucionário e o amor era careta). E por aí vamos. Sexo e amor tentam mesmo é nos afastar da morte. Ou não; sei lá... e-mails de quem souber para o autor.



Por:  Arnaldo Jabor

O dia de ontem

O dia de ontem. Ainda ontem à noite eu te disse que era preciso tecer. Ontem à noite disseste que não era difícil, disseste um pouco irônica que bastava começar, que no começo era só fingir e logo depois, não muito depois, o fingimento passava a ser verdade, então a gente ia até o fundo do fundo. Eu te disse que estava cansado de cerzir aquela matéria gasta no fundo de mim, exausto de recobri-la às vezes de veludo, outras de cetim, purpurina ou seda - mas sabendo sempre que no fundo permanecia aquela pobre estopa desgastada.Perguntaste se o que me doía era a consciência. Eu te disse que o que me doía era não conseguir aceitar minha pobreza. E que eu não sabia até quando conseguiria disfarçar com outros panos aquele outro, puído e desbotado, e que eu precisava tecer todos os dias os meus dias inteiros e inventar meus encontros e minhas alegrias e forjar esperas e me cercar de bruxos, anjos, profetas e que naquele momento eu achava que não conseguiria mais continuar tecendo inventos. Perguntei se achavas que minha fantasia me doía, e se me doendo também te doía. E não disseste nada. Embora estivéssemos no escuro, consegui distinguir tua mão arroxeada pela luz de mercúrio da rua apontando em silêncio o telefone calado ao lado de minha cama. O telefone em silêncio no silêncio. Então eu te disse que me doíam essas esperas, esses chamados que não vinham e quando vinham sempre e nunca traziam nem a palavra e às vezes nem a pessoa exata. E que eu me recriminava por estar sempre esperando que nada fosse como eu esperava, ainda que soubesse. Disseste de repente que precisavas ter os pés na terra, porque se começasses a voar como eu todas as coisas estariam perdidas. A droga corria em meus adentros abrindo sete portas entorpecendo o corpo e fazendo cintilar a mancha escura no centro da minha testa. Mas eu te ouvia dizer que sabias ser necessário optar entre mim e ela, e que optarias por ela, por comodidade, para não te mexeres daquele canto um pouco escuro e um pouco estreito, mas teu - e que optarias por ficar comigo porque a minha loucura te encantaria e te distrairia, embora precisasses te agitar e negar e ouvir e sobretudo compreender novamente tudo todos os dias. E disseste que optavas por mim. Eu já sabia. Por isso não te disse que comigo seria mais difícil do que com ela. Porque sabias também que em todos os de repentes eu estaria abrindo as asas sobre um desconhecido talvez intangível para ti. Não dissemos, mas concordamos no silêncio cheio de livros e jornais entre nossas duas camas, que querias a salvação e eu a perdição - ainda que nos salvássemos ou nos perdêssemos por qualquer coisa que certamente não valeria a pena. Nem era preciso dizer que não era preciso dizer: eu era o teu lado esquerdo e tu eras o meu lado direito: nos encontrávamos todas as noites no espaço exíguo de nosso quarto. Eu viajava no meio de pinheiros brancos quando disseste que a única coisa que havias desejado o dia inteiro era chorar sem salvação, num canto qualquer, sem motivo, sem dor, até mesmo sem vontade, de mágoa, de saudade, de vontade de voltar. Não haviam permitido, inclusive eu. Mas percebes tanto: quando eu me dobrava em remorso pediste pra que eu cantasse cantigas de ninar, que cantei com a voz rouca de cigarros e drogas. E enquanto adormecias, lembrei da tarde. Era feriado na manhã, na tarde e na noite de ontem à noite. Eu lembrava da tare e pedia para bichos-papões saírem de cima do telhado: nós comíamos lentamente bolachas com requeijão e leite - e lembro tão bem que ainda que não tivesse sido ontem, continuaria sendo ontem na memória - quando comecei a cantar um samba antigo, que nem lembrava mais porque acordava em mim uma coisa que eu não seria outra vez. Foi então que começaste a chorar e eu sentei ao teu lado e não compreendendo te disse que não, te disse inúmeras vezes que não, que não era bom, que não era justo, que não era preciso - mas choravas e dizias que era tão bonito quando ele tocava violão cantando aquela música e que fazia tanto tempo e que o filho dele se chamava Caetano e tinha morrido de repente ai uma vida tão curtinha mas tão bonita sem que ninguém entendesse e que havias falado com ele pelo telefone e que o tempo todo aquele samba antigo dizendo que era melhor ser alegre que ser triste ficava te machucando no fundo de tudo o que dizias e pensavas em relação a ele e que querias chorar um três cinco sete dias sem parar sentindo vontade mansa de voltarMais tarde, bem mais tarde, diríamos rindo que afinal não havíamos passado noites inteiras indo e vindo num trem da Central, sem ter onde dormir, dormindo nas areias do Leme, em todos os bancos de todas as praças, fazendo passeatas, sentindo fome, tentando suicídio, criando filosofias, desencontrando, procurando emprego, apartamento, amparo, amor - que não havíamos feito tudo isso para desistir agora, sem mais nem menos, no meio dum feriado qualquer, e que agora a gente só tinha mesmo que continuar porque a casca tinha endurecido - e riríamos muito, mais tarde, cheios de vitalidade e vontade de abrir janelas - mas por enquanto choravas com a cabeça escondida no travesseiro, e eu não compreendia. Talvez estivesse entrando numa compreensão, talvez voltasse ao meu livro e te deixasse em paz com tua vontade de afundar se os outros não tivessem chegado. Instalaram-se no nosso mundo como astronautas pisando no insólito sem-cerimônia, fecharam seus cigarros devagar, então ela chegou e pediste que ficasse perto, e senti medo e ciúme e de repente achei q optarias por ela, que te divertia e te mostrava as manchas roxas de chupadas pelo corpo e eu ria também porque te queria rindo e porque também gostava dela apesar da dureza de seus maxilares de pedra: gostava dela porque às vezes era criança e principalmente porque agora te fazia afastar a cabeça do travesseiro para observar nossos movimentos concentrados de quem começa a decolagemDecolamos em breve, nós três no meu planeta, vocês duas no teu: quando percebi, começava a chover. Chovia lá fora e eu estava parado no meio do quarto. Estava parado no meio do quarto e olhava para fora. Olhava para fora e repetia: nunca esquecerei daquela tarde de chuva em Botafogo, quando pensei de repente que nunca esqueceria daquela tarde de chuva em Botafogo. Tive vontade de dizer da minha suspeita, porque me sabias assim desde sempre sabendo anteriormente do que ainda não se fizeram. Assustavam-me essas certezas súbitas, tão súbitas que eu nada podia fazer senão aceitá-las, como todas as outras. Os próximos passos me eram dados sem que eu pedisse, e sem aqueles entreatos vazios, sala de espera, quando os outros propunham jogos da verdade e nós ríamos da sofreguidão deles em segurar com mãos limosas o que sequer se toca.Te mostrei então o livro aberto, e a dedicatória para aquele remoto e provavelmente doce Paco - nos encontramos no espaço cósmicos entre nossos dois planetas, e de repente disseste que precisavas sair para tomar um pico e eu disse que precisava sair contigo e comecei a pular em cima da cama e achei bom que fôssemos passear com chuva e eu não ficasse esperando o telefonema que não viria e a campanhia que não tocaria e os astronautas que não voltariam a seu módulo sem nos esgotar inteiramente e a batalha que nos recusávamos a travar com eles e unimos nossas duas órbitas e deixamos os outros habitantes e visitantes espantados com a nossa retirada e nossa decisão e nossa contagem sete seis cinco quatro três dois um- decolamos em direção a sala, alcançamos o patamar, as escada, a porta, a estratosfera. Viajamos pela rua sem direção e quando percebemos estávamos dentro do cemitério e eu cantava para uma sepultura vazia e misturávamos Hamlet com pornografia e João Cabral de Melo Neto e as pessoas nos olhavam ofendida e gritávamos os deuses vivos Bethânia Caetano para a cova rendilhada de cimento e não compreendíamos além do irreversível daquele poço limitado por cimento ser o nosso único e certo limite limitado por cimento. Passeávamos devagar entre as sepulturas. Eu cantava incelenças e disseste que eu era inteligentinho porque te mostrara a dedicatória de Cortázar na hora em que precisavas de humildade porque fôramos como as ervas mas não nos arrancariam ainda que eu não fosse humilde até então eu não era humilde e recobria minha estopa matéria gasta perfurada com a vontade de te fazer explodir colorida e simultânea. A chuva fria varava nossas roupas, mas não chegava até a pele: nossa pele quente recobria nossos corpos vivos e passeávamos entre túmulos e eu dizia que no meu túmulo queria um anjo desmunhecado e não dizias nada e eu cantava e de repente olhaste uma flor sobre uma sepultura e disseste que gostavas tanto de amarelo e eu disse que amarelo era tão vida e sorriste compreendendo e eu sorri conseguindo e vimos uma margarida e nem sequer era primavera e disseste que margarida era amarelo e branco e eu disse que branco era paz e disseste que amarelo era desespero e dissemos quase juntos que margarida era então desespero cercado de paz por todos os lados.Era o dia de ontem e era também feriado: sentamos sobre um túmulo e inventamos historinhas e nos deitamos de costas sobre o mármore do túmulo branco e lemos os nomes das três pessoas enterradas e eu pensei que estávamos recebendo os fluidos talvez últimos das três pessoas enterradas e fiquei aterrorizado porque não soube precisar se eram positivos ou negativos e chovia chovia chovia e a alameda de ciprestes ensombrecia as aléias vazias e subi no túmulo e imitei a Carmen Miranda e disseste que ela estava enterrada naquele cemitério e pensamos: se um raio rompesse agora o cimento do túmulo e ela saísse linda e tropical com o turbante cheio de bananas pêras uvas maças abacaxis laranjas limões & goiabas dizendo que não voltara americanizada com trejeitos brejeiros e transluciferinos e de repente entrou um enterro de pessoas cabisbaixas e dissemos que a visão ocidental da morte era demais trágicas mesmo para ex-suicidas como nós e que já era já era já era e eu repeti aos gritos que queria um anjo bem bicha desmunhecando em cima do meu túmulo sobre o cadáver do que eu fui ontem.Mas de repente o medo que os portões fechassem porque anoitecia. O cemitério no meio do vale : o Cristo, montanhas, favelas, edifícios, ruas, automóveis, pontes, mortes. Foi na saída que houve um entreato: paramos sobre uma poça d´água e eu te convidei para ver o nosso amigo árabe que a gente amava tanto porque ria em posições estranhas e tinha um irmão que viera do Piauí e não conhecia sorvete e disseste que precisavas ver teus tios que tinham vindo do sul para te ver e que queria ver o Juízo Final. E que ou víamos nosso amigo árabe e bruxo ou íamos aos teus tios e ao Juízo. Eu não soube escolher. Pedi que não me fizesses tomar decisões ontem hoje ou amanhã quaisquer que fossem - porque também sabíamos ambos que queríamos alguma coisa acontecendo nítidas depois do cemitério. Foi então que aquele carro parou e perguntou sobre uma rua de Copacabana e informamos e lembramos que teus tios estavam em Copacabana e fomos de carona até Copacabana que, desta vez, não nos enganaria. Dentro do carro repeti o que acabavam de me dizer: espera que o inesperado dê o sinal.Vermelho - Verde - verde - vermelho.Entrei com medo da recusa que sempre sentia nos olhos e nos gestos de todos que possuíam coisas e perguntaste se não seria melhor eu desamarrar o cabelo mas eu disse que não porque ia ficar enorme e eu não queria assustar nem agredir naquela hora exata eu não queria afastar nem amedrontar. A empregada abriu a porta para nós. E de repente aquela mulher começou a olhar para nós e a falar de seus transportes de viagens astrais. Alfa. Centauro. Luz. Era espantoso uma mulher de vestido estampado fumando com piteira sobre tapetes quase tapeçarias e ar condicionado dizer que era filha de Oxum e que via nos espelhos rostos que não eram o seu e que uma vez voara suspensa sobre o próprio corpo gelado sem poder voltar. Era espantoso que tu a conhecesses há anos e nunca tivesses suspeitado daquela face oculta e louca e mágica atrás da máscara marcada mascarada mascar a máscara de nácar aquariana.Ontem, nós estávamos muito loucos. Voltamos de ônibus para comer atum e vermos o Juízo, e fizemos tudo rapidamente, e rapidamente encontramos um argentino que veio em nossa direção e viu o livro aberto de Cortázar e disse que era Peixes e eu disse Virgem e disseste Leão e dividimos com ele nosso atum e nossas bolachas roubadas de supermercados e convidamos ele para sair com a gente e gostamos dele e ele gostou de nós dum jeito tão direto e não me importou que meu amigo não tivesse telefonado e nenhuma carta tivesse chegado ainda que eu estivesse distraído. Quisemos que nosso novo amigo que escrevia e estudava arquiteturas a muito corrompidas bem antes e há tanto tempo fosse até o fim do dia de ontem conosco. Mas nos perdemos na porta do julgamento.Depois eu chamei Baby de menina suja e gritei para ela: come chocolates, come chocolates, menina suja, e ela ria e explodia mais e nós ouvíamos sacudindo os cabelos repetindo juntos que éramos todos amor da cabeça aos pés. Depois nos esperavam a avenida deserta no Leblon e a Mona Lisa tomando suco de laranja. Já não era feriado, já não era ontem, e nós apodrecíamos em tempoespaçoagora. Descemos do ônibus pisando em poças de lama, subimos devagar as escadas e foste conversar com nossa amiga loura e dura, às vezes criança, e lembrei que precisava achar um lugar para morar dentro de nove dias, agora oito, e que não tínhamos dinheiro nenhum, e que eu tinha medo, e que eu estava cansado de ser pago para guardar minha loucura no bolso oito horas por dia, e deitei, e olhei pela janela aberta, e fumei na piteira de marfim quebrado para economizar o cigarro, não por requinte, entende, éramos tão pobres, e quis não pensar, e abri Cortázar e li, e não li, e quis morrer, e lembrei que não conseguiria, e senti a insônia chegando, e soube que não resistiria, e lembrei que havias pedido que eu lesse Cortázar para ti, pausadamente, e soube que não conseguiria, e lembrei do amanhã sem feriado e da minha janela aberta sobre o aterro onde longe, no mar, vejo navios que vêm e vão à Europa, ao Oriente, a Madagáscar,e enquanto conversavas com nossa amiga loura e dura e raras vezes criança, eu ficava sozinho no nosso quarto, e quis te dizer de como era bom que a gente tivesse se encontrado, assim, sem pedir, sem esperar, e soube que não saberia, e precisei tomar os comprimidos amarelos para não afundar e sentir o telefone calado gritando em silêncio na cabeceira, e soube que nem o nosso nem outro qualquer encontro solucionava ou consolava exconsolatrix, e de repente percebi que os papéis tinham rasgado, o veludo esgarçado, as sedas desbotadas, e o que ficava era aquela estopa puída velha gasta: a pobreza indisfarçavel de ser o que eu não tinha. Um tempo depois, seria mau contigo. Então voltaste. E eu te disse que além do que não tínhamos, não nos restava nada. Disseste depois que o dia inteiro só querias chorar, e que eu aceitasse. Eu disse que achava bonito e difícil ser um tecelão de inventos cotidianos. E acho que não nos dissemos mais nada, e dissemos outra vez tudo aquilo que já havíamos dito e diríamos outras e outras vezes, e de repente percebemos com dureza e alívio que já não era mais o dia de ontem - mas que conseguíramos sentir que quem não nascer de novo já era no Reino dos Céus. Não sei se não ouviste, mas ele não veio e a noite inteira o telefone permaneceu em silêncio. Foi só hoje de manhã que ele tocou e ouvi tua voz perguntando lenta se eu ia continuar tecendo. Olhei para tua cama vazia, e para os livros sobre o caixote branco, e para as roupas no chão, e para a chuva que continuava caindo além das janelas, e para pulseira de cobre que meu amigo me deu, e para a ausência do amigo queimando o pulso direito, mas perguntaste novamente se eu estava disposto a continuar tecendo - e então eu disse que sim, que estava disposto, que eu teceria. Que eu teço.



(Caio Fernando Abreu)

Limite Branco

Então, de repente,sem pretender, respirou fundo e pensou que era bom viver. Mesmo que as partidas doessem e que a cada dia fosse necessário adotar uma nova maneira de agir e de pensar, descobrindo-a inútil no dia seguinte, mesmo assim era bom viver. Não era fácil, nem agradável. Mas ainda assim era bom.Tinha quase certeza.
-
Como chegar para alguém e dizer de repente eu te amo para depois explicar que esse amor independia de qualquer solicitação, que lhe bastava amar, como uma coisa que só por ser sentida e formulada se completa e se cumpre? Pois se ninguém aceitaria ser objeto de amor sem exigências…
-
Sinto-me terrivelmente vazio. Há pouco estive chorando, sem saber exatamente por quê. Ás vezes odeio esta vida, estas paredes, essas caminhadas de casa para a aula, da aula para casa, esses diálogos vazios, odeio até este diário, que não existiria se eu não me sentisse tão só. O que eu queria era alguém que me recolhesse como um menino desorientado numa noite de tempestade, me colocasse numa cama quente e fofa, me desse um chá de laranjeira e me contasse uma história. Uma história longa sobre um menino só e triste que achou, uma vez, durante uma noite de tempestade, alguém que cuidasse dele.
-
Eu fico pensando se o mais difícil no tempo que passa não será exatamente isso. O acúmulo de memórias (…)
-
Às vezes me lembro dele. Sem rancor, sem saudade, sem tristeza. Sem nenhum sentimento especial a não ser a certeza de que, afinal, o tempo passou. Nunca mais o vi, depois que foi embora. Nunca nos escrevemos. Não havia mesmo o que dizer. Ou havia? Ah, como não sei responder as minhas próprias perguntas! É possível que, no fundo, sempre restem algumas coisas para serem ditas. É possível também que o afastamento total só aconteça quando não mais restam essas coisas e a gente continua a buscar, a investigar — e principalmente a fingir. Fingir que encontra. Acho que, se tornasse a vê-lo, custaria a reconhecê-lo.
( Caio Fernando de Abreu)

21 de janeiro de 2011

Não desista



Deixe a porta aberta... Espere. Confie. Acredite. Não desista!
Seu momento vai chegar, não desista!
Sonhe muito alto, deseje a mesma coisa sete vezes, almeje e não desista!
Tenha vontade, muita vontade... Não desista!
Queira bem as pessoas. Ame-as e não desista de você!
Aprecie o por do sol, sinta a brisa da noite, admire a lua, se encante com o brilho das estrelas e não desista!
Cai em tentação, mostre, prove, experimente, arrisque, procure.
Vá as compras e coma chocolate: Só não desista!
Põe aquela roupa que te faz sentir mulher fatal, olhe-se no espelho diga: Eu te amo.
Admire-se.. Movimente-se.. Busque: Não desista!
Abrace teu sonho. Trace uma meta. Lute por seus objetivos. Chore por ter perdido e aprenda com essa lágrima: Não desista!
Reveja aquela comédia romântica, boba, mas que te faz chorar. Deixe a criança que existe em você viver.. Não desista!
Faça carinhos, peça mimos, abrace as pessoas, fale doce mais com aquela seriedade de sempre. Ignore os olhares que te recriminam: Não desista!
Seja você: exale sua essência. Se reconheça. Sinta suas ambições: Aprenda a viver melhor.

Só não desista!

12 de janeiro de 2011

Aguenta, apenas aguenta.




Não quer?  Não deseja?  Não pode?  Não sente?
Eu não os tenho e eles não me procuram. Parceria justa!
Ficar somente com a vontade olha pra ela... chama por ela: Aguenta!
Vai, senta na beira de uma pedra, deixa a brisa do mar tocar teu corpo. Deixa o vento bagunça-lhes o cabelo. Sente o arrepio provocado e dá um sorriso.
Sorrir para se proteger das tuas perguntas.
Sorrir para se proteger das tuas dúvidas.
Sorrir para morar na casa do silêncio e lá dentro permanecer para sempre, despercebido, inalcançado.
Aguenta apenas... Aguenta!
Olha, tu não deveria acreditar no que digo nem tão pouco confiar no que faço.
Mais tu pensa que o palhaço sorrir sempre porque é feliz.  Usa maquiagem, põe um nariz vermelho e tenta pra ver.
Aguenta apenas... Aguenta!
Teu sorriso. Meu sorriso. Nosso sorrido.
Há meu camarada gostaria profundamente que visse meu inferno. Aquela chama queimaria teus olhos, e a fumaça encheria tuas narinas. 
Mais não gostaria que visse meu sorriso. Gostaria de rir sozinha. Afinal tu és tão cauteloso, centrado e eu? Sou aquela louca, porém máscara minha loucura.
Pois é prefiro ser louca sozinha.
Aguenta apenas... Aguenta!


PS: Sorrir é apenas uma comparação subentendida.

Desilusão Ortográfico Amorosa

Você conhece alguém superinteressante. Além de ser uma pessoa linda, extrovertida, carismática, você se sente à vontade com ela como com poucos. Trocam telefone, MSN, Orkut. Eis que a ferramenta que serviria para ajudá-los a começar uma bonita história de um relacionamento maduro e estável torna-se a fonte dos maiores desgostos:


g@t@ diz:
ola!

Vc diz:
Olá, ótimo voltar a falar com vc =) tdo bem?

g@t@ diz:
muinto bom mesmo! tudo serto com migo e vc?

Vc diz:
uhum... como foi de fds?

g@t@ diz:
fds queisso/

Vc diz:
fim de semana.

g@t@ diz:
aaaah he-he-he foi ótimo tipo agente foi num barsinho, nem em cheu mais tava com uns amigos cantarão musica legal foi uma curtisa~o so rsrs e o seu?

Vc diz:
é... foi bom tb... Eu tenho que sair agora, mas a gente se fala qualquer dia...

vc pensa: burra, mas ao menos é gostosa

g@t@ diz:
aaa qe pena,mais beiginhos,gud-bay!

(porra, vápraputaquepariu)

*BLOQUEADO*



- Uma comunidade do orkut enviada por Anyelle Mello.
*Risos

Sobre o Humor

Por: Sylvio Roque de Guimarães Horta




A palavra impressa no papel - a palavra não lida - assemelha-se a um germe latente, à espera de sua hora. Escreve-se na esperança de que alguém se contagie pelo lido, pelo impresso.
É como se as palavras fossem poros por onde vidas diversas pudessem se comunicar. Vidas humanas, é óbvio, pois o que são as palavras para um rinoceronte? O que, um livro para um jacaré?
É na vida - vida de cada um - que a palavra ganha sentido. Abre-se o livro e surge a palavra escrita. Grita-se e ouve-se, surge a palavra falada.

A palavra é, assim, abstração de realidade muito mais complexa - não as frases, sentenças, parágrafos, contextos escritos ou falados, mas realidade que se confunde com as coisas, pensamentos, sentimentos, humores. A palavra faz parte de toda uma experiência, postura, sabor de vida. E grande dificuldade nossa é, justamente, analisar esse enorme emaranhado de sentidos em que ela habita.
Há palavras que não podem ser ditas em certas situações, ficam proibidas. Em outras, são toleradas. Essa carga emocional, à qual estão aderidas, é responsável por muito dos problemas "intelectuais", que têm a sua origem, ao contrário do que se acredita, muito mais na falta de discriminação afetiva do que intelectual.
A nossa capacidade de visão, ou melhor, de abertura para a realidade, fica, dessa maneira, dependendo do quantum de verdade que podemos suportar. Conforme Santo Agostinho: Non intratur in veritatem, nisi per caritatem ...

O que fazer? (1)
Retomando o fio, dizíamos que a palavra é uma abstração de realidade muito mais complexa, confundida com as coisas, com o pensamento, com os sentimentos, com os humores. Realidade onde se aloja o sentido das palavras.
Há um poema de Carlos Drummond de Andrade que manifesta bem - com palavras! - esse algo mais profundo do que a língua, do que a fala. Algo que pré-existe a ela, ou a qualquer linguagem:
... Anoitece, e o luar, modulado de dolentes canções que preexistem aos intrumentos de música, espalha no côncavo, já pleno de serras abruptas e de ignoradas jazidas, melancólica moleza (2).
Sobre isso escreve Ortega y Gasset:

" ... se tomarmos apenas o vocábulo e como tal vocábulo - amor, triângulo - ele não tem propriamente significação, pois dela só tem um fragmento. E se ao invés de tomar a palavra por si, em sua pura e estrita verbalidade, a dizemos, então é quando se carrega de significação efetiva e completa. Mas de onde vem para a palavra, para a linguagem, isso que lhe falta para cumprir a função que lhe é costume ser atribuída, isto é, a de significar, de ter sentido? Certamente não lhe vem de outras palavras, não lhe vem de nada do que até agora se chamou linguagem e que é o que aparece dissecado no vocabulário e na gramática, mas de fora dela, dos seres humanos que a utilizam, que a dizem em uma determinada situação. Nesta situação, são os seres humanos que falam, com a precisa inflexão de voz com que pronunciam, com a cara que põem enquanto o fazem, com os gestos concomitantes, liberados ou retidos, quem propriamente 'dizem'.
As chamadas palavras são só um componente desse complexo de realidade e só são, efetivamente, palavras contanto que funcionem nesse complexo, inseparáveis dele (3)".

"O fenômeno torna-se claro no exemplo, sempre lembrado por Ortega, do freqüentador de um bar que dirige ao servente a palavra 'negra', o suficiente para receber em seguida uma caneca espumante de cerveja escura (4)".

"A coisa em sua trivialidade mesma é enorme, pois mostra-nos como todos os outros ingredientes de uma circunstância que não são palavras, que não são sensu stricto 'linguagem', possuem uma potencialidade enunciativa, e que, portanto, a linguagem consiste não só em dizer o que por si diz, mas em atualizar essa potencialidade dizente, significativa do contorno (5)".
Desse modo, uma das funções da linguagem é dar voz à realidade, mostrar a realidade. Deixá-la indecentemente nua. Por isso, quando estamos interessados em conhecê-la, a realidade única que é a minha vida, a sua vida - a realidade que cada um de nós vive por si mesmo, embora em ineludível convivência - temos que usar de uma lógica expositiva, que pratica uma dramatização dos conceitos.
Esse logos narrativo, rico em metáforas, foi batizado por Ortega de razão vital. Os conceitos - meros esquemas abstratos - adquirem, dessa maneira, sentido. O leitor é levado a repetir em sua própria vida os "gestos vitais" que levaram originalmente o escritor a se instalar em determinada dimensão da realidade.
Trata-se do estilo, único recurso para que se possa efetuar o nosso transporte à têmpera adequada, a partir da qual veremos a realidade na qual se instala o texto.

"Uma das razões mais graves da última esterilidade intelectual de boa parte da obra de muitas épocas, e concretamente da que estamos vivendo, - ou talvez acabamos de viver - é a ausência do estilo - vital e literário - adequado para que a realidade se descubra e se manifeste. Acaso pode-se pensar que a realidade - que gosta de se esconder - entregar-se-á a qualquer um, simplesmente por acumular fatos e dados? (6)".

Há outro poema, do poeta Manoel de Barros (7), em que se fala desse nível mais profundo da linguagem, essa pré-linguagem, que não se identifica com os conceitos abstratos, nem com o racionalismo:
No que o homem se torne coisal -, corrompem-se nele os
veios comuns do entendimento.
Um subtexto se aloja.
Instala-se uma agramaticalidade quase insana, que
empoema o sentido das palavras.
Aflora uma linguagem de defloramentos, um
inauguramento de falas
Coisa tão velha como andar a pé.
Esses vareios do dizer.

"Coisa tão velha como andar a pé...". Justamente o andar a pé, a experiência no seu sentido etimológico, a estrutura pré-teorética, na qual estamos instalados, é que necessita do estilo para ser percorrida.
Essa experiência da vida, já chamada, há muito, de sabedoria, constitui a estrutura saborosa da vida. Há várias palavras para designar essa estrutura, cada uma realça um de seus aspectos: têmpera, disposição, atitude, humor, postura. Diz Ortega: "A vida é angústia e entusiasmo e delícia e amargura e inumeráveis outras coisas. Precisamente porque é - manifestamente e em sua raiz - tantas coisas, não sabemos o que é. Nas religiões sincretistas da Roma imperial falava-se de Ísis miriônima. Também é a Vida uma realidade de mil nomes e o é porque consistindo originariamente em um certo sabor ou têmpera - o que Dilthey chama 'Lebensgefühl' e Heidegger 'Befindlichkeit' - esse sabor não é único, mas precisamente miriádico. A todo homem, ao longo de sua vida, lhe vai sabendo o seu viver com os mais diversos e antagônicos sabores. De outro modo, o fenômeno radical Vida não seria o enigma que é (8)".
Estrutura saborosa, têmpera, disposição de ânimo, humor são todas palavras aptas a nos mostrar facetas da nossa realidade, que é um modo de estar - não um estar espacial, mas um estar vivendo. Só que esse estar vivendo não é algo insosso, tem sempre um sabor, mesmo que seja um dissabor.

Tradicionalmente, essa sabedoria foi-nos transmitida através dos livros sapienciais com sua linguagem rica de provérbios, metáforas e narrativas. "Provérbio, em hebraico mashal, é palavra de significado muito mais amplo e dimensão mais religiosa do que sugere sua tradução. Mashal designa uma sentença que tem o poder de produzir uma realidade nova, ou de fazer reconhecer uma experiência vital do povo ou dos sábios e de impô-la como realidade válida (9)".
O humor aparece nesses provérbios também em seu sentido restrito de "aquilo que é engraçado". Esse humor sensu stricto sempre está em tudo que é verdadeiramente humano, dos mais ilustres profetas e sábios, aos mais comuns dos humanos (10).

A palavra humor já nos leva a pensar em uma realidade fluída, flexível, não-rígida. Como costuma acontecer com todas as instituições, a razão acabou por seguir a tendência de se afastar do humor, da brincadeira, do jogo; acabando por tornar-se fria e sem cor. É conhecida a rigidez, a impessoalidade da racionalidade vigente nos dias de hoje. Ortega nos lembra que as pessoas que não possuem sensibilidade e nem dão atenção para a arte são "reconhecidas por uma peculiar esclerose de todas aquelas funções que não são o seu estreito ofício. Até os seus movimentos físicos costumam ser torpes, sem graça nem soltura. O mesmo percebemos na inclinação de sua alma (11)".

O riso, a risada, o senso de humor são, conjuntamente com a seriedade, com o senso de responsabilidade, com o sentido do sagrado, manifestações de uma vida íntegra, bem-temperada. A palavra têmpera indica a presença de um equilíbrio, de uma mistura que modera os polos em conflito.
Encontramos bons exemplos dessa mistura de seriedade e graça, de peso e leveza, nos livros sapienciais, como a exortação ao preguiçoso em Provérbios (6,6): "Vai ter com a formiga, ó preguiçoso, observa seu proceder e torna-te sábio! Ela, que não tem chefe, nem fiscal nem soberano, no verão prepara seu alimento, ajunta no tempo da ceifa sua comida. Até quando dormirás, ó preguiçoso, quando te levantarás do sono? Um pouco dormir, outro pouco cochilar, e mais um pouco cruzar as mãos para descansar, e tua pobreza virá pressurosa... (12)".
Acontece, também, o oposto. Um excesso de humor sem seriedade nos leva direto para a "esculhambação". O Brasil, considerado um país bem-humorado, não rígido - o que é ótimo -, revela para nós, porém, que há o lado sombrio dessa história. Ficamos, contudo, na indecisão: ser ou não ser um país sério, glorificar ou não, o jeitinho brasileiro? (13)

Sem dúvida, perder essa capacidade para o humor, essa espontaneidade, não seria vantagem alguma. Significaria abdicar da possibilidade de se tornar a criança sem a qual ninguém entra no reino dos céus. Sem a qual a vida fica sem graça...
Há quem fale da vida como um jogo, como disposição esportiva - mistura de seriedade e de faz-de-conta - estar in-ludere, instalados numa têmpera ilusionada, como dizem os espanhóis.
Homem = animal que ri. Definição, nessa altura, já não tão risível.



(*) Mestre e doutorando em Filosofia da Educação da Faculdade de Educação da USP.

1) É possível se aprender a amar? Qual a relação entre a nossa fragmentação, a nossa falta de integração, isto é, o fato de não sermos íntegros, e a nossa capacidade de compreensão do real? Qual a r elação entre os nossos muitos lados e os múltiplos sentidos de uma palavra e o caráter multi-facetado da realidade? São realidades problemáticas que não podemos deixar de lado, mesmo que não tenhamos garantia de resposta.
(2) Andrade, Carlos Drummond. Nova Reunião: 19 livros de poesia. Rio de Janeiro, Ed. J. Olympio, 1983, p. 244.
(3) Ortega y Gasset, J. O Homem e a Gente. Rio de Janeiro, Livro Ibero-Americano, 1960, p. 267-268.
(4) Kujawski, Gilberto de Mello, A Pátria Descoberta, S.Paulo, Papirus Editora, 1992,p.71.
(5) Ortega y Gasset, J. O Homem e a Gente. Rio de Janeiro, Livro Ibero-Americano, 1960, p. 267-268.
(6) Marías, Julián. Ortega - las trayectorias. Madrid, Alianza Editorial, 1983, p. 142.
(7) Barros, Manuel de. Gramática Expositiva do Chão (Poesia quase toda). Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1990, p. 298.
(8) Ortega y Gasset, J. La Idea de Principio en Leibniz. Buenos Aires, Emecé Editores, 1958, p. 366.
(9) Bíblia Sagrada, Petrópolis, ed. Vozes, 1982, p. 754.
(10) É bom ficarmos atentos ao perigo de qualquer movimento ou ideologia em que não caiba o senso de humor. Isso é sinal de intolerância e rigidez. Por isso, apesar de seu aspecto cômico não-intencional, o "politicamente correto" não me sabe muito bem.
(11) Ortega y Gasset, J. El Espectador. Madrid, Bolaños y Aguilar, 1950, p. 398. A arte, como diz Ortega, é geralmente mais ligada à estrutura saborosa da vida, mas não está livre de cair na institucionalização.
(12) Em nosso mundo pop, também não faltam exemplos; há uma canção dos Beatles _ Within you, Without you _ que fala em salvar o mundo com o nosso amor, se pudéssemos retirar a muralha de ilusões que não nos deixa ver etc. A canção termina com uma simpática gargalhada que equilibra o tom um tanto patético que poderia se instalar.
(13) "... pois como o crepitar dos gravetos debaixo da caldeira assim é a risada do insensato" (Ecle 7,6).


9 de janeiro de 2011

Podemos começar de novo



" Você já ouviu dizer que a distância cura feridas? Pois eu lhe digo que uma ferida no coração não pode ser curada com a distância ou com o tempo, porque esta dentro de nós. Memórias não desaparecem assim tão facilmente. O tempo cura todas as feridas – isso não significa que se você se distanciar da pessoa que lhe machucou, as suas feridas serão curadas; se fosse assim, de onde viria a mágoa? O verdadeiro significado é que, quando o tempo passa conclui que é tolice guardar maus sentimentos contra outra pessoa, ela é finalmente curada.
A mágoa machuca você e não as outras pessoas. Quando você guarda coisas ruins dentro de si, elas lhe acompanham aonde quer que você vá, como o peso desnecessário pendurado no seu pescoço. Pense: Por que carregar este peso se pode colocá-lo no chão e ir em frente?

8 de janeiro de 2011

Sentimento perdido lá fora



Eu acho graça e penso em como você também acharia graça se soubesse como eles repetem que você não existe. Depois eu paro de achar graça e fico olhando a porta por onde não entra o telefone por onde você não fala e me lembro do pedaço apodrecido daquela maçã e então penso que talvez eles tenham razão, que talvez você não venha mais, e com dificuldade consigo até pensar que talvez você não exista mesmo. Mas não é possível, eu sei que não é possível: se estou escrevendo para você é porque você existe

Não é triste? Perguntou. Você não se sente só? (...) sorriu forte: a gente acostuma.

(Caio Fernando Abreu)

Só enquanto eu respiro


Reli o começo da carta, mas não consegui entender direito o que eu pretendia dizer, sei que pretendia dizer alguma coisa muito especial a você, alguma coisa que faria você largar tudo e vir correndo me ver ou telefonar e, se fosse preciso, trazer a polícia aqui para obrigá-los a deixarem você me ver. Eu sei que você quer me ver. Eu sei que você fico os dias inteiros caminhando atrás daqueles muros brancos esperando eu aparecer. Eles não deixam, acho que você sabe que eles não deixam. Não vão deixar nem esta carta chegar às suas mãos, ou vão escrever outra dizendo que eu não gosto de você, que eu não preciso de você. Mas é mentira, você tem que saber que é mentira, acho que era isso que eu queria dizer preciso escrever depressa antes que eu me esqueça do que eu queria dizer era isso eu preciso muito de você eu quero muito você aqui de vez em quando nem que seja muito de vez em quando você nem precisa trazer maçãs nem perguntar se estou melhor você não precisa trazer nada só você mesmo você nem precisa dizer alguma coisa no telefone basta ligar e eu fico ouvindo o seu silêncio juro como não peço mais que o seu silêncio do outro lado da linha ou do outro lado da porta ou do outro lado do muro ou do outro lado.

(CFA)

7 de janeiro de 2011

Eu, modo de usar:


Pode invadir ou chegar com delicadeza, mas não tão devagar que me faça dormir. Não grite comigo, tenho o péssimo hábito de revidar. Acordo pela manhã com ótimo humor mas ... permita que eu escove os dentes primeiro. Toque muito em mim, principalmente nos cabelos e minta sobre minha nocauteante beleza. Tenho vida própria, me faça sentir saudades, conte algumas coisas que me façam rir, mas não conte piadas e nem seja preconceituoso, não perca tempo, cultivando este tipo de herança de seus pais. Viaje antes de me conhecer, sofra antes de mim para reconhecer-me um porto, um albergue da juventude. Eu saio em conta, você não gastará muito comigo. Acredite nas verdades que digo e também nas mentiras, elas serão raras e sempre por uma boa causa. Respeite meu choro, me deixe sózinha, só volte quando eu chamar e, não me obedeça sempre que eu também gosto de ser contrariada. ( Então fique comigo quando eu chorar, combinado?). Seja mais forte que eu e menos altruísta! Não se vista tão bem... gosto de camisa para fora da calça, gosto de braços, gosto de pernas e muito de pescoço. Reverenciarei tudo em você que estiver a meu gosto: boca, cabelos, os pelos do peito e um joelho esfolado, você tem que se esfolar as vezes, mesmo na sua idade. Leia, escolha seus próprios livros, releia-os. Odeie a vida doméstica e os agitos noturnos. Seja um pouco caseiro e um pouco da vida, não de boate que isto é coisa de gente triste. Não seja escravo da televisão, nem xiita contra. Nem escravo meu, nem filho meu, nem meu pai. Escolha um papel para você que ainda não tenha sido preenchido e o invente muitas vezes
Me enlouqueça uma vez por mês mas, me faça uma louca boa, uma louca que ache graça em tudo que rime com louca: loba, boba, rouca, boca ... Goste de música e de sexo. goste de um esporte não muito banal. Não invente de querer muitos filhos, me carregar pra a missa, apresentar sua familia... isso a gente vê depois ... se calhar ... Deixa eu dirigir o seu carro, que você adora. Quero ver você nervoso, inquieto, olhe para outras mulheres, tenha amigos e digam muitas bobagens juntos. Não me conte seus segredos ... me faça massagem nas costas. Não fume, beba, chore, eleja algumas contravenções.


Me rapte! Se nada disso funcionar ... experimente me amar!

( Martha Medeiros )

A palavra




"Não vale reclamar, nem tão pouco cobrar da vida acertos dos erros que você mesmo cometeu.
Esconder os fatos não faz com que você seja "menos culpado".
As consequências são lançadas de acordo com suas decisões, e elas não são poucas nem fáceis.
Dói saber que não o tem por perto? Pare de resmungar e sinta sua dor, afinal ela só cabe a você porque foi escolha sua senti-la. Os dois caminhos, baby, estavam jogados para você. E  que fizeste?
Sinta a dor que te cabe!
É meio cômico te escrever essas palavras, soam como arrogância da minha parte, mas tu precisa receber o choque que a vida te reservou. E quem poderia fazer isso se não eu mesma?
Não estou aqui dizendo o que é certo ou errado. É que vejo os acontecimentos por outros ângulos por isso me torno obscurantista.
E ser verdadeira com você é ser verdadeira comigo, esse é o primeiro passo pra te ajudar.
Deixem as lágrimas molharem teu rosto, elas lavam a alma e te deixam aliviado.
Sinta sua dor. Sinta sua dor. Sinta sua dor. Sinta sua dor...
E depois aprende com ela. Vivi com ela. Cresce com ela.
É uma conquista sua que ninguém toma, (mérito teu), lembra?"



5 de janeiro de 2011

No Coração do Brasil


Lá, onde a vida é mágica. E
Estocolmo pode ficar bem
ao lado da ilha do Bananal





Há uns três meses me convidaram para ir a Uberaba, conversar com os alunos de Comunicação. Na confusão de fechamento do jornal, no telefone não ouvi sequer o nome da cidade. Quis dizer não, mas porque a vida é mágica e eu tinha esquecido, sem saber por que disse sim. Não guardei o nome do rapaz que telefonava, e voltou a telefonar. Quem, de onde? Nélson Bertoni, de Uberaba, você vem? Sim, eu vou.
Semana passada, nesta Antena, falei em Markito. Que não conheci, nunca soube onde nasceu. Um dia depois da Antena, um dia antes de vir para Uberaba, recebi um bilhete. Patricia Zaidan me falava que conhecera Markito na adolescência, na cidade deles. Como se fosse a coisa mais natural do mundo, porque a vida é mágica: a cidade chamava-se Uberaba. Tonto de saudade súbita, sem a menor lógica, ligo para Sandra Laporta, em Niterói. Ao som de Jim Morrison, um dia ela me levou para a Suécia. Sandra me lembra que, embora a gente esqueça, a vida é mágica.
Desço em Uberaba quase às oito horas da noite de sexta. No aeroporto, alguém acena de longe: Nélson. Entramos no carro e, como se fosse a coisa mais natural do mundo, ela coloca uma fita. De repente, lá estamos nós, perto do coração selvagem do Brasil, falando de Clarice Lispector ao som do Jim Morrison que canta The End.
Corta. Estou parado no corredor da universidade em greve quando se aproxima um rapaz, louro como um viking, com um exemplar de O Ovo Apunhalado. Seu nome, pergunto. Chister Nilsson, ele diz. Alemão? Como se fosse a coisa mais natural do mundo, ele responde: sou sueco. De repente, ali estou  ao lado de Chister, de volta a Estocolmo – aquela cidade onde comecei a aprender que a vida pode ser mágica -, lembrando das fogueiras do Midsummer, dos bosques de Kungshrambra. Longe como numa vida que não fosse mais a minha, dentro e vivo como nessa vida que é exatamente a minha, divido memórias até agora indivisíveis, no coração do Brasil. Com Chister, que aos nove anos veio da Suécia para o Rio Grande do Sul, justamente no ano em que saí: do Rio Grande do Sul para a Suécia.
Presto atenção nos olhos puxadinhos de Ivonete (que adora Lou Reed, Velvet Underground e Bukowski), pergunto se tem sangue índio. Sim: sua mãe, na Ilha do Bananal, onde nasceu. Como se fosse a coisa mais natural do mundo, me convida para ir até lá, em julho, quando a ilha é mais bonita. De repente, aqui estou eu, sozinho num quarto de motel que é puro Sam Shepard, em plena estrada para Araxá, Sertãozinho e Xororó no rádio, misturando na insônia as aves em extinção da Ilha do Bananal, Goiás, Brasil, com as águas geladas do fiorde de Freskati, Estocolmo, Sverige. Não, nunca compreendi o que quer dizer “colonização cultural”. Sincretismo, repito morto de sono. Sim-cretismo: Xangô e Thor.
Na tarde de sábado, sem saber por que, no meio de uma praça, começo a falar compulsivamente sobre Alex Valauri. Abraço uma árvore (angico, diz Ivonete; castanheira, diz Nelson; jacarandá, penso eu), encosto a cabeça em seu tronco espesso e, pela terra onde se cruzam todas as raízes, envio meu pensamento mais forte e mais bonito para Alex. Na hora de voltar, tem um céu muito azul em Uberaba. Nelson fala em James Joyce. No avião, anoto assim:  Eu retribuo o sorriso. Eu correspondo ao abraço. Eu digo sim. Eu quero sim. Eu sinto sins. Só porque estou vivo. E tudo isso, que parece mágico, é a coisa mais natural do mundo.
Depois o sangue de Sampa. Na noite da véspera do eclipse em Áries – entre o susto da morte outra vez batendo à porta ao lado e ao espanto dos encontros com as pessoas do mundo (elas estão por aí: lindas) – volta a certeza lógica e inabalável de que, aqui ou lá, longe ou perto do coração do Brasil, a vida é mesmo mágica. Isso é simples. Feito uma velha canção dos Mutantes, eu me sinto enfeitiçado. Ô yeah, digo, yeah e axé.



(Caio Fernando Abreu)

A aids é a minha cara: Anos de Chumbo

No hospital, fiquei amarrado numa maca, nu, sem poder me mover. Dois dias num corredor, com frio, e ninguém me dava um cobertor. Acho que fiquei delirando, acordava e dormia, e só lembrava de filmes, principalmente Frances, com Jessica Lange. O que achei até meio chique. Dois dias depois acordei numa cama. Minha irmã, Cláudia, entrou no quarto, nos abraçamos e choramos. Fiquei dois meses no hospital. Comecei a tomar AZT.

Também me diverti muito. Fiz amizade com muitas enfermeiras – habituadas a lidar com as verdades da vida, são pessoas diretas e sinceras – com todo mundo. O cara que fazia a faxina era pai-de-santo, uma outra enfermeira fazia parte de um grupo que tinha contatos com uma civilização extraterrestre, uma médica era kardecista, uma psicóloga me disse que tinha feito uma masectomia e estava toda ligada em anjos. O médico que me tratava era meu leitor. Ele teve um cuidado especial comigo e fiquei confiando nele. Eu pensava: “Bom, se o Francisco gosta do que escrevo, não vai querer me matar”. Quando saí do hospital , tudo me parecia tão precioso.
Como não escondi, desde o primeiro momento, que estava com Aids, não tive vergonha. Quando a gente não esconde, não há rejeição. Posso contar nos dedos de uma mão as pessoas que pararam de ligar. Nenhum amigo íntimo desapareceu. E tem uns, como a escritora Lygia Fagundes Telles, que ligam toda semana. Talvez eu tenha sorte, meus amigos sejam muito bons. Ou talvez, no meio em que eu circulo, isso já virou meio arroz-de-festa, ninguém mais nota a questão da Aids.
Mas quando entro no avião as pessoas se cutucam, me viram na TV e dizem: “Esse aí é o Caio Fernando Abreu, o escritor que está com Aids”. Recentemente dei um grito no avião. Duas peruas se cutucavam e cochichavam. Fiquei impaciente e disse aos berros: “Sou eu mesmo, o que foi?” Elas ficaram envergonhadas. Na maioria das pessoas senti uma coisa solidária, às vezes um pouco tensa. Elas não sabem muito bem o que fazer comigo.
A Aids mudou a relação das pessoas com o sexo. Deu origem até a coisas não muito boas, como o sexo por telefone, sexo por computador. Nesse sentido, nos deixou muito mais solitários com a nossa libido. Tocar o outro é uma aventura. Há dez anos era uma coisa banal. Isso é manipulado pela sociedade, pela igreja. Eu tenho amigos e amigas que não treparam mais. A camisinha pode rasgar, tem orifícios minúsculos. Eles ficaram paranóicos. O mundo contemporâneo está conduzindo o ser humano a uma grande solidão.
Não fiquei santificado com a doença. De alguma forma, sempre busquei a religiosidadee acreditei que este plano é ilusão. Uma passagem para tentar melhorar nós mesmos. Minha parte são os livros, uma tentativa de ajudar as pessoas a se conhecerem. Sou muito ligado em candomblé, e isso está refletido no trabalho. Meu romance Onde Andará Dulce Veiga? tem a estrutura hierárquica de um jogo de búzios. Todos os orixás são invocados no livro. O primeiro é Exu, que estabelece a ligação entre o humano e o divino.
Em agosto do ano passado, fiquei hospitalizado. Saí em setembro, vim para Porto Alegre, juntei forças e fui, no mês seguinte, à Feira do Livro de Frankfurt, na Alemanha. E retornei definitivamente. É gostoso voltar a morar com os pais, voltar à própria cidade. Descobri que os lugares não existem. Passam a existir quando se olha para eles e se adjetiva o lugar. Meu corpo está aqui. Não tenho a menor necessidade de sair daqui.
Muitos amigos foram embora, outros moram no Rio e Sâo Paulo. Por aqui, vejo o Luciano Alabarse, diretor de teatro gaúcho, falo com a escritora Lya Luft. E tenho um bom amigo, que conheci há uns dois anos, que se chama Léo de Oxalá – é um pai-de-santo. Não vou me relacionar com pessoas que ficam dizendo coisas desagradáveis. Tem os que sumiram por causa da Aids. Compreendo. Eu mesmo, quando alguns amigos ficaram doentes, fugi. Era o medo do espelho, talvez.
Que bom que eu tenho um tempo determinado. Posso me concentrar nas coisas que quero fazer. Posso escrever. Agora publiquei Ovelhas Negras, restos que nunca joguei fora. É o que foi ficando na gaveta desde os 14 anos de idade. Uma tentativa de revisar a mim mesmo. Parece um pouco com um livro póstumo e é uma maneira de fazer isso antes de morrer, revisando eu mesmo minha obra. O livro é uma passagem por momentos meus e do país: a ditadura, o sonho hippie, o exílio, a Aids. Tinha medo de não conseguir terminar o livro. Mas ele está aí, juntei tudo, já que vou morrer.
No livro tem uma história que foi censurada pelo Jornal do Brasil na época da eleição do Collor. O jornal pediu para o Márcio Souza escrever sobre o Lula e eu faria o mesmo com o Collor. Escrevi a história de um menino que sonha com um garoto ruivo e manco. No dia seguinte, vai para as pedras do Arpoador, no Rio, e lá aparece o garoto. Ele pergunta ao menino Collor se quer ser o dono de um país inteiro. Ele diz sim. E o garoto acaba comendo ele – era o demônio. O conto se chama O Escolhido. O José Castello, que era o editor, disse que a cúpula do jornal optou por não publicar. Quando o Collor ganhou, liguei e disse: “Por causa de covardia como a de vocês é que o cara foi eleito”. Tive receio de publicá-lo no livro. Acho que o caso do irmão, Pedro Collor, foi coisa de magia negra.
Tem uma coisa da Aids que é preocupante. Um dia eu estava no Theatro São Pedro, em Porto Alegre, uma mulher atravessou o saguão e disse: “Deixe-me abraçá-lo. Você foi escolhido”. Eu agradeci. Ora, escolhido! Eu desejo saúde. A Aids não é um castigo de Deus. Pode ser um castigo no sentido de que a natureza foi violada demais. Então o homem tem que ser punido. O planeta, Gaia, é um organismo vivo, como uma planta.
Não sei quanto tempo tenho pela frente. O Betinho está aí há sete ou oito anos. Fisicamente não tenho nada. A única coisa grave é o sarcoma de Kaposi, uma forma rara de câncer na pele. Essa mancha no nariz é uma das lesões que eu queimei. O problema é que eu tenho por todo o corpo, e pode dar por dentro do corpo. É uma das infecções oportunistas. No hospital Emílio Ribas, vi um rapaz com esse câncer na boca, do tamanho de uma bola de tênis. Tenho horror da deformação.
Aprendi comigo mesmo a sair do próprio bode. Acho que todas as pessoas deveriam pensar no lado da luz. Está com vontade de se matar? Tudo bem, toma um banho, vai ao cinema, compra umas flores. Ficar trancado no quarto não vai resolver os problemas. Ora, vai na locadora, pega um vídeo da Doris Day e pronto!
Depois que fiquei doente, minha auto-estima não diminuiu. A minha vaidade é que acabou. E a coisa é irônica comigo, a doença me atingiu no rosto. Meus valores passaram a ser outros. A viagem delirante do ego parou de existir. Não preciso provar mais nada. Agora quero ter saúde e continuar meu trabalho. Ultimamente eu respondo assim aos que se queixam pra mim: “Pensa no Zaire”. “

          Depoimento a Fátima Torri - Revista Marie Claire  - Set 1995

Dica do dia

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Os infinitos mais vistos

Isso é escrever

“Não sinto nada mais ou menos, ou eu gosto ou não gosto. Não sei sentir em doses homeopáticas. Preciso e gosto de intensidade, mesmo que ela seja ilusória e se não for assim, prefiro que não seja. Não me apetece viver histórias medíocres, paixões não correspondidas e pessoas água com açúcar. Não sei brincar e ser café com leite. Só quero na minha vida gente que transpire adrenalina de alguma forma, que tenha coragem suficiente pra me dizer o que sente antes, durante e depois ou que invente boas estórias caso não possa vivê-las. Porque eu acho sempre muitas coisas - porque tenho uma mente fértil e delirante - e porque posso achar errado - e ter que me desculpar - e detesto pedir desculpas embora o faça sem dificuldade se me provarem que eu estraguei tudo achando o que não devia. Quero grandes histórias e estórias; quero o amor e o ódio; quero o mais, o demais ou o nada. Não me importa o que é de verdade ou o que é mentira, mas tem que me convencer, extrair o máximo do meu prazer e me fazer crêr que é para sempre quando eu digo convicto que nada é para sempre." (Gabriel García Márquez)

Definição

"Me mande mentalmente coisas boas. Estou tendo uns dias difíceis, mas nada, nada de grave. Dias escuros sem sorrisos, sem risadas de verdade. Dias tristes, vontade de fazer nada, só dormir. Dormir porque o mundo dos sonhos é melhor, porque meus desejos valem de algo, dormir porque não há tormentos enquanto sonho, e eu posso tornar tudo realidade. Quando acordo, vejo que meus sonhos não passam disso, sonhos; e é assim que cada dia começa: desejando que não tivesse começado, desejando viver no mundo dos sonhos, ou transformar meu mundo real num lugar que eu possa viver, não sobreviver."
(CFA)

Pausado

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"Tô feliz, to despreocupado, com a vida eu to de bem"

Quem sigo

Um Pouco

"Mas como menina-teimosa que sou, ainda insisto em desentortar os caminhos. Em construir castelos sem pensar nos ventos. Em buscar verdades enquanto elas tentam fugir de mim. A manter meu buquê de sorrisos no rosto, sem perder a vontade de antes. Porque aprendi, que a vida, apesar de bruta, é meio mágica. Dá sempre pra tirar um coelho da cartola. E lá vou eu, nas minhas tentativas, às vezes meio cegas, às vezes meio burras, tentar acertar os passos. Sem me preocupar se a próxima etapa será o tombo ou o voo. Eu sei que vou. Insisto na caminhada. O que não dá é pra ficar parado. Se amanhã o que eu sonhei não for bem aquilo, eu tiro um arco-íris da cartola. E refaço. Colo. Pinto e bordo. Porque a força de dentro é maior. Maior que todo mal que existe no mundo. Maior que todos os ventos contrários. É maior porque é do bem. E nisso, sim, acredito até o fim.” (Caio Fernando Abreu)